Discurso pra Calar a boca de Playboy metido a Gringo!

By Nah
Voltei!
Menos depressiva hoje, em partes, e mais ácida!
Então vamos lá:
Estado: Levemente embriagada.
Local: Cervejada de recepção dos "bixos" da sua Faculdade.
Ambiente: Meninas frenéticas, dançando até o chão, algumas acompanhadas, outras praticamente apelando pra conseguir mais um "Bixo" pra sua lista ... temos também os meninos musculosos, de camiseta regata branca, com o bico da teta saliente, que acham que suas tatuagens e seus músculos convencem alguém! (Oh! No! Infelismente, convencem algumas meninas, tão ocas e frígidas quanto eles, só pode!)
Mas tem também a galera sangue bom ... a turma que tava comemorando mesmo! Sem pegação, sem estresse! Tipo eu. hehe. É, era a recepção do meu namorado na Faculdade, festa!!!
Eis que me surge o típico Playboy.
-"Hey Girl, suck my dick!
- Que? Cê tá louco veio?!
- You dont speak english!?
- (Cara de nojo) Baby, i dont wanna suck your dick, because i have a big, black e very very delicious dick, you understand? I dont need your little little little dick baby! Tank´s!
- Você faz faculdade do quê?
- Pedagogia, já estou me formando.
- Eu já sou formado!
- Grande merda. Você só sabe falar essa frase em inglês playboy ?
- Se você não entendeu, se não sabe falar inglês, não fale comigo. Como uma professora não sabe falar Inglês?"
[...]
(Pessoal, desculpa o Péssimo inglês e o vocabulário chulo, depois explicarei!)

Além do meu ódio mortal por Playboys filhinhos de papai, bombados o cara tava querendo me tirar na frente dos amiguinhos dele, pra mostrar que é macho, que a Camisa da TNG dele era linda, pra provar que o colégio dele era bom em lingua estrangeira e tals. Como diz minha mãe, "Tomou que até roncou!"

- Na minha profissão, eu busco mais conhecimento do que acumulo de informação. Eu não engulo mais cultura estrangeira sem fazer uma avaliação do que estão me "entupindo", eu não vou repassar essa cultura norte americana pobre que vocês conhecem, eu não acredito no sonho americano. Se você quer falar uma lingua pra dominar o mundo, aprenda as que se falam na China e na índia. Você sabe né, que esses países estão emergindo como potência mundial, diante da crise americana, né?
- What?!
- Você cresceu aprendendo falar inglês é? Eu não, sabe porque, porque eu estudei em escola pública, porque meu pai tinha que trabalhar que nem louco, pra vender alguns lotes, pra receber uma comissão, dos coitados e coitadas desse Brasil, que trabalham lá na favela perto de casa costurando essa roupinha que você tá usando. Sabe por quê? Porque você paga a marca achando que é importada, mas NÃO É!
- WHAT? [Playboy pálido, pensando: Nossa! Podia dormir sem essa!]
- Sua cultura é inutil. Sua roupa é feia. Você é escroto. Eu tenho dó de homem que toma bomba pra ficar forte, porque nunca na vida vai carregar um caminhão ou trocar uma lâmpada na empresa do papai, entendeu?!
- Eu falo Latim tá?
- TÁ! Você é formado em quê então?!
- Tô no terceirão gata, no Dom Bosco!
- HAHAHAHAHAHAHA!!!

FIM!

Sem desmerecer a Lingua Inglesa, a cultura americana que não deve ser de todo ruim, pervertida e capitalista, mas porquê eu tinha que falar Inglês com ele? Vocês entendem meu raciocínio? A idéia de Superioridade dos países estrangeiros ao norte (Sim! Vai falar que você foi passar as férias na Colômbia e não em MIAMI!!!), está impregnada na burguesia de uma forma horrenda. Eles nada sabem sobre o país que idolatram, quando vão pra lá, ignoram o racismo, a pobresa e até mesmo a forma como são tratados. Idiotas, simplesmente. Engulindo informações, padrões de comportamentos ... Cada um vê o mundo de acordo com a Cultura do seu núcleo social.
Bem, a conversa acabou quando ele me falou que estudava em colégio particular e estava no terceiro colegial, pivete metido, mas eu queria falar mais coisas pra ele, e gostaria que ele entendesse "PELAMORDEDEU!"

Caro Playboy,
Ainda Bem que eu Nasci no Brasil!
Ainda bem que posso ouvir Calypso, Paralamas do Sucesso, Raul Seixas e além disso, música estrangeira.
Ainda bem que aqui tem música boa, gente boa. Ainda bem que Madonna não é Rainha de merda nenhuma pra mim (Comparar com Cássia Eller, Elis, Ana Carolina e Maria Rita). Eu gosto de namorar ouvindo Elvis, gosto de dançar a mistura quente do Forró nordestino, o samba da velha guarda. E lá nos EUA?! Metaaal, Pop, Black music ... Baby, Im in the musical Paradise!
Ainda bem que eu Nascí no Brasil, apesar de odiar a máfia futebolistica, posso torcer pelo verdão, pelo Quinze de Novembro e meu país não precisa necessariamente pagar milhões pra ter bons jogadores.
Ainda bem que enquanto eles tem Will Smith, eu tenho Fernanda Montenegro e Marco Nanini.
Enquanto eles lêem Harry Potter e Crepusculo, eu leio Clarice Lispector, Fernando Pessoa.
Enquanto eles assistem Hannah Montana e High School Musical ... Eu assisto Central do Brasil, Carandirú, O Alto da Compadecida ...
Ainda Bem que eu nasci no Interior, assim eu posso pescar sem pagar, eu posso andar no meu bairro a noite, posso fofocar com a vizinha, posso pedir erva cidreira pra Dona Maria, "Benzer" na outra dona Maria, todas aqui da minha rua.
Ainda bem que sou Piracicabana, eu "puxo" o "R", mas não sou ignorante porque sou caipira!
Tenho música Raiz, noite da seresta, peixe na brasa, Rua do Porto, engenho central, teatro, Praças , Tenho história nesse lugar e me orgulho disso!
Ainda bem que eu nasci num bairro humilde, eu sei andar de ônibus e me locomover pela cidade sem estar no carro do papai.
Ainda bem que eu cresci no meio dos Negros, pardos, morenos ...assim aprendi a ouvir Samba de verdade!
No Brasil, eu posso comer em qualquer lugar arroz, feijão e bife. Posso ir ao mercado e comer comida nordestina, árabe, italiana ... O MC DONALD´S não é minha única saída!

Eu AMO ESSE BARRACO!
Brasil, Pátria verdadeiramente amada !

 

3 comments so far.

  1. André 9 de fevereiro de 2009 às 11:16
    Adorei o texto, e a resposta pro Playboy, eu também amo meu país, não tenho vontade morar em outro lugar, apesar dos problemas, não existe lugar melhor que aqui...
    Valeu por me acompanhar também moça.
    Beijos.
  2. Anônimo 9 de fevereiro de 2009 às 16:00
    Ah, tem coisas que eu gosto dos EUA. A distância, por exemplo.

    Mas falando sério, tem coisa boa lá: Mark Twain, Thoreau, Edgar Allan Poe, Kurt Vonnegut, Bukowski, Robert Crumb, Blues, Guns n'Roses...bem, essa última dá para contestar..uhauhauha!

    Poe era admirado por gente do naipe do grande Machadão. E Monteiro Lobato também tinha uma quedinha por algumas coisas dos EUA.

    O problema é essa classe mérdia, que pega justamente a influência do que há de PIOR nos EUA. Essa galerinha nunca ouviu falar desses autores f***, nunca ouviram um blues sofrido lá do Delta...são colonizados por Hollywood, cineminha blockbuster, consumo fútil e inútil, McDonald's, MTV, etc.

    Interessante você escrever isso dos mauricinhos doidos para distanciarem-se do Brasil. EU tenho até uma crônica sobre o fetiche que essas pessoas tem sobre New York e Miami. Um dia desses eu publico.

    Mas o Brasil é Brasil, principalmente no interiorzão. Coisa boa. As capitais estão insuportáveis e repletas desses exemplares imbecis de classe mérdia.

    Abração!
  3. Gigi 9 de fevereiro de 2009 às 16:47
    Olá, Natália.
    Acredito que todo país tem algo de interessante culturalmente.Até mesmo os Estados Unidos. O problema é que o que chega até nós é uma avalanche da cultura norte-americana, fenômeno que não dá espaço para a manifestação cultural de outros países.Há toda uma lógica capitalista por trás disso.
    Existe música porto-riquenha, holandesa, coreana, egípcia, mas o que toca no rádio( das músicas de língua estrangeira) é somente música em línga inglesa. Muito de vez em quando algumas italianas e hispânicas.Não que sejam ruins. Acho que os cantores americanos cantam pra caramba! Porém muitos acreditam que não existe vida em outras nações, só nos States. Pensam isso do do Brasil lá fora também. Eu procuro fazer a minha parte. Tenho um amigo italiano e sempre envio pela internet músicas,vídeos,dicas de filmes enfim,cultura brasileira.
    Faço ele saber que existe vida no Brasil e que nosso país é muita coisa além de samba e carnaval( o que também não é ruim).
    Bom, é isso. Eu diria para as pessoas não apreciarem somente uma cultura além da nossa. Não somente a cultura americana. Busquem ver filmes italianos, ler livros latino-americanos, ouvir música árabe.
    A gente enriquece muito mais o nosso saber.
    Abraços, e obrigada por visitar o meu blog.
    P.S: Eu leio Clarice Lispector e Fernado Pessoa, também. Não tenho nada contra a Thalita Rebouças, inclusive nunca a li.O meu blog não é especificamente literário e o tema é variado. Continue visitando-o e, se possível, leia os outros textos já publicados.

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